Atormentado por minhas mentiras
Seria um testemunho? Um desabafo? Exaltação, redenção, tortura, desprazer ou procura pela felicidade? Procuro por palavras… Um cérebro cansado, quase aos 30, remoendo o passado recente.
Foram duas mentiras. Pequenas em contexto. Desnecessárias. De mesma fórmula:
“Sim, eu fiz isso.”
Não fiz.
Então por que dizer? Qual tamanha aversão ao conflito, presunção de imagem, ego e desapego de valores levaria a dizer que “Sim, eu fiz isso.”
Não fiz, ora. Não fiz!
Resta-me, agora, consciência, onde as palavras se escondem.
A verdade? Um martelo, um farol:
“Eles sabem.”
“Não sabem…, mas deveriam.”
“Deveriam?”
“Deveriam.”
“Então vou lhes dizer!”
“Não vais.”
“Porque não?”
“Pois já dissestes.”
Não fiz.